Terminus Est


Por Favor Não Chore, Ela Parou Horas Atrás

2024-06-21

poetry

O leve vapor saindo dos teus pequenos lábios,
No café, teu sorriso róseo indo e vindo,
O lado do teu pálido seio à mostra,
Num gesto puro e lindo.

Ocultos em minha face,
A insegurança, o temor, o medo,
Meus pensamentos analíticos-excessivos,
Profundos e sem disfarce.
E o toque terreno da ansiedade,
Novamente em minha face.

Tua mão, sem querer, guiando-me entre as galerias,
Olhares atentos, vendo-nos como casal,
O presente guardado.
Gestos retidos pelo medo fatal.

Vem a noite e com ela o cansaço,
Sentimentos constantes de desesperança,
O tom da tua voz, uma lança.
Anseio uma morte rápida, sem caso.
E em caminho oposto, volto ao calabouço.

No brilho azul do cristal,
Humilho-me e sangro,
Tuas palavras como a queimar,
E o frescor vem pela sangria,
Que pela esperança faz brotar.

Lentos são os dias vazios,
Tuas palavras escassas como brumas.
Minhas palavras, meras tentativas.
Os medos, constantes, frios.

Em meus braços,
Tuas costas desnudas, suavidade exposta.
Nossas mãos em firme laço,
E os melhores momentos à porta.
No balcão, tu ao meu lado.

O presente entregue.
Teus sentimentos expostos,
Minha inabilidade evidente.
Minha paixão crescente.

No calabouço revela-se a mim,
Minhas mãos, meus lábios e minha face,
Todos gritando.
Onde eu pensava haver dois, havia apenas um.
Calor, amor, seu tremor, nossos sonhos.

Um firme abraço.
Três beijos selam nosso falso pacto.
Finalmente, silêncio.
Exclama o meu Império Interior:
“Por favor, não chore, ela parou horas atrás.”

<< Index